Com temática LGBT, lançamento do segundo livro de poesias da pernambucana, será na próxima terça (19), pelo Instagram da Editora Moinhos
“Quantas vidas me couber, amar uma mulher”, diz o poema que abre o segundo livro de Ágnes Souza, publicado e editado pela Editora Moinhos. Em pré-venda desde o mês passado, a obra será oficialmente lançada na próxima terça-feira (19) em uma live com a poeta e o editor da Moinhos, Nathan Magalhães, a partir das 19h.
A abertura do novo livro de Ágnes Souza é a cortina que vai, aos poucos, desembrulhando
todo o conteúdo de Pouso, obra que solidifica mudanças importantes na linguagem da poeta pernambucana desde o lançamento do primeiro livro (re-cordis, 2016): agora, os poemas falam abertamente sobre relacionamento entre mulheres.
Em Pouso, Ágnes passa a aprofundar as relações lésbicas de forma explícita, saindo do lugar da neutralidade, além de dar mais espaço para a própria escrita, que ganha poemas mais longos. “Esse processo não foi proposital. É fruto de muita pesquisa e leitura que acabou desembocando nos meus textos”, conta a autora, que se inspirou bastante no conceito de infraordinário, cunhado por Georges Perec e utilizado pela poeta carioca Marília Garcia: “O infraordinário coloca luz sobre o que não é extraordinário na vida, sobre o que é pequeno e mínimo mas que ainda assim faz parte do nosso dia a dia e, por isso, também é passível de poesia”, explica a pernambucana.
Esse cotidiano guia toda a poesia do livro, que fala sobretudo sobre o passar dos dias e joga luz sobre aspectos corriqueiros da nossa rotina: o exercício de escrever um poema, as relações cotidianas, uma conversa de bar, uma pessoa fumando um cigarro, o metrô, um olhar profundo sobre alguém ou até o que se sente ao olhar um corpo apaixonado. Tudo o que é mínimo, aqui, se enche de grandiosidade e importância pelo olhar de Ágnes.
Pouso traz, em sua maioria, poemas direcionados a outras pessoas. Muitas dessas, mulheres, que são “fotografadas” sob os vários ângulos que existem num relacionamento entre uma mulher e outra. Por vezes, esse ângulo é mais fechado, se debruçando sobre uma parte pequena de um corpo, como um umbigo. Outras vezes, esse ângulo é mais aberto, e explora a passagem do tempo até o fim do relacionamento e as marcas que ficaram. “Muitos desses poemas são dedicados a amigos, romances, personagens de filme… Eu gosto de lembrar de um verso da poeta Bruna Beber que diz que ‘todo poema carrega um rosto e nele um susto que nunca passou’, as minhas dedicatórias são esses rostos”, explica a escritora.
Assim como um romance intenso que termina, Pouso também é um livro sobre partidas, rompimentos e as cicatrizes que esses relacionamentos vão deixando pelo caminho. A sensação, no final, é a de que todos nós já estivemos alí.
SERVIÇO:
Lançamento do livro Pouso de Ágnes Souza
Terça-feira (19), a partir das 19h
Instagram da Editora Moinhos (@editoramoinhos)
Livro por R$ 40,00 no site da editora