Casa cheia, crianças brincando, pets no chão, escadas e piso escorregadio: fatores que potencializam o risco de ocorrências entre idosos
Fim de ano é sinônimo de festa, reencontros e muita movimentação dentro e fora de casa. Familiares chegando, malas espalhadas, escadas sendo usadas o tempo inteiro, piso úmido por causa do entra e sai da piscina ou até da chuva, pessoas andando em todas as direções. É um período especial — mas também um dos que mais exige atenção quando o assunto é quedas, principalmente entre pessoas idosas.
“A falta de equilíbrio é um fator importante para o aumento do risco de quedas, mas outro fator pouco observado, e tão importante quanto, são as mudanças no ambiente. Ou seja, não é só a pessoa idosa que ‘está pior’, é a casa que está mais perigosa. E isso é algo que pode e deve ser ajustado e observado com cuidado nessa época do ano”, orienta o Professor Igor Conterato, profissional de Educação Física e doutor em Saúde Pública pela USP.
Para auxiliar nos pontos que requerem mais atenção, Igor listou recomendações práticas e fáceis de aplicar para que o fim de ano seja leve, seguro e sem quedas para quem tem pessoas idosas em casa.
1. Casa cheia — organize o ambiente antes da festa
Mais gente circulando significa mais risco de tropeços e esbarrões.
• Retire tapetes soltos ou substitua-os por modelos antiderrapantes.
• Afaste móveis pequenos que fiquem no espaço de circulação (banquinhos, mesinhas de canto, pufes).
• Crie corredores livres para transitar, principalmente em direção à cozinha, banheiro e áreas externas.
• Modifique o mínimo possível o layout dos móveis.
“Uma simples reorganização reduz significativamente as chances de quedas dentro de casa”, pontua Conterato.
2. Pisos escorregadios — evite ao máximo superfícies úmidas
No fim de ano, água no chão é quase inevitável: piscina, chuva, suor, bebidas que caem sem querer.
• Mantenha um pano grande e absorvente sempre à vista (é o famoso “sujou? limpou!”).
• Seque imediatamente qualquer área molhada.
• Oriente todos os convidados — de forma discreta — a evitar entrar com os pés molhados dentro de casa.
• Em pisos muito lisos, use meias antiderrapantes ou chinelos com boa aderência.
Pequenos escorregões são responsáveis por grande parte das fraturas em idosos. E essa não é uma época muito boa para enfrentar filas em hospitais, não é mesmo?
3. Escadas: a maior vilã silenciosa
Elas são perigosas o ano inteiro, mas no fim de ano se tornam ainda mais arriscadas.
• Instale ou reforce os corrimãos dos dois lados.
• Mantenha a iluminação forte e acenda as luzes antes de subir ou descer.
• Evite subir segurando objetos grandes — use as duas mãos sempre que possível.
• Nunca deixe roupas, sacolas ou enfeites nos degraus.
• Durante a noite, é essencial evitar o uso das escadas, principalmente se elas não tiverem boa iluminação nos degraus.
4. O fator mais importante de todos: fortalecer o corpo
Por mais que o ambiente influencie, é o corpo forte que evita que um pequeno escorregão ou desequilíbrio se transforme em uma queda — e possivelmente em uma fratura. E isso vale para todos, especialmente para pessoas idosas.
“Exercícios simples, realizados poucas vezes por semana, melhoram o equilíbrio, a força e a coordenação. Treinar não é sobre ‘aguentar mais peso’, e sim sobre ganhar autonomia. Uma pessoa idosa mais forte faz tudo com mais segurança: caminha melhor, sobe degraus com firmeza, levanta da cadeira sem dificuldade e mantém a estabilidade quando algo inesperado acontece”, pontua o Professor Igor Conterato, profissional de Educação Física e doutor em Saúde Pública pela USP.
O fim de ano deve ser um momento de celebração, e não de preocupação. “Com algumas mudanças no ambiente, mais organização na casa e pequenas adaptações no dia a dia, é possível proteger quem amamos e transformar essas semanas em lembranças boas e seguras. Quedas não podem fazer parte do envelhecimento. Por isso, prevenir faz toda a diferença”, finaliza o especialista.








