Armazéns do Cais José Estelita são completamente demolidos e manifestantes acabam ocupação

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Última parede foi derrubada na tarde deste domingo (31) pelo Consórcio Novo Recife. Acampamento dos integrantes do Movimento Ocupe Estelita foi desmontado no sábado (30)

Por Pedro Alves e Antonio Coelho, G1 PE e TV Globo

O Consórcio Novo Recife finalizou, neste domingo (31), a demolição dos dois armazéns no Cais José Estelita, no Centro do Recife, iniciada na segunda (25) após um alvará emitido pela prefeitura. A última parede foi ao chão por volta das 15h. Apresentado em 2012, o Projeto Novo Recife prevê a construção de 13 torres de até 38 andares no local.

Depois que a demolição acabou, os operários do Consórcio Novo Recife foram liberados e permaneceram no local os seguranças da obra. Integrantes do Movimento Ocupe Estelita, que ocupavam a calçada ao lado do armazém, realizaram atividades culturais no local antes de desmontar o acampamento no sábado (30), encerrando a ocupação.

Armazém no Cais José Estelita antes da demolição para a implantação do Projeto Novo Recife — Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press

O alvará da prefeitura havia sido suspenso por uma liminar da Justiça na terça-feira (26), mas o presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco cassou a decisão na quinta-feira (28), quando a demolição foi retomada sob protesto.

Durante a noite, manifestantes chegaram a subir em cima das máquinas para tentar interromper a demolição dos armazéns e a Polícia Militar enviou equipes para o local.

Segundo o funcionário público João Augusto Dias, integrante do Movimento Ocupe Estelita, a ocupação foi encerrada para manter a segurança dos manifestantes.

“Eles tiraram os arcos e paredes transversais e vimos a parede balançar de um lado para o outro. Mesmo gritando que tinha gente ali, as escavadeiras continuaram. Tivemos que sair correndo. Continuamos a luta porque nossa campanha diz que outro cais é possível, um que não seja só para menos de 1% da população, mesmo sem ter mais a estrutura do armazém para usar”, afirma.

Após a saída dos manifestantes, o Consórcio Novo Recife reforçou os tapumes de alumínio e colocou arame farpado em cima do muro. Na segunda-feira (1º), está previsto o trabalho de limpeza do terreno.

A reportagem entrou em contato com o Consórcio Novo Recife e com a Prefeitura do Recife para saber quais as próximas etapas do projeto e aguarda resposta.

Projeto Novo Recife
O terreno onde estão localizados os armazéns do Cais José Estelita pertencia, originalmente, à Rede Ferroviária Federal S.A (Refesa) e foi arrematado em um leilão realizado em 2008, pelo Consórcio Novo Recife, composto pelas empresas Moura Dubeux, Queiroz Galvão e GL, sendo o único participante da disputa.

O leilão foi alvo da operação Lance Final, da Polícia Federal, que apontou fraude e subfaturamento na venda do terreno.

Ao longo de sete anos, o Projeto Novo Recife provocou uma série de manifestações, envolvendo ativistas, artistas e entidades da sociedade civil. Do espaço total do terreno, 35% terá ocupação privada e 65% pública, segundo o consórcio.

Busca por emprego
Apesar de não haver vagas abertas, uma fila de desempregados se formou em frente aos armazéns do Cais José Estelita desde terça-feira (26). Inicialmente, o consórcio responsável pela obra informou que não receberia os currículos, mas voltou atrás e começou a cadastrar os desempregados. Ao todo, foram recebidos 3 mil currículos.

G1PE

 

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