
Arte popular pelo mundo
Quando se fala em arte naif, Henri Rousseau é referência. Ele se vale de uma tradição formal aceita e a utiliza para fins puramente estéticos, ou seja, cria porque isso lhe dá prazer, sendo, para ele, uma necessidade vital.
Por isso mesmo, geralmente não existe a preocupação em se filiar a escolas ou de frequentar cursos acadêmicos. Essa atitude em relação a diferentes materiais plásticos gerou admiração da crítica tanto em relação a aborígenes australianos e a culturas indígenas africanas ou dos EUA e aos primitivistas contemporâneos.
Existe ainda um diálogo entre a arte dita erudita e a naif. Os artistas populares, ingênuos e primitivistas são alicerces de uma tradição cultural. É através dos chamados naifs que a arte contemporânea muitas vezes se alimenta. Seria uma fonte autêntica de renovação perante um mundo de ilusões e aparências. Trata-se ainda de um gênero em que a voz dos excluídos ganha espaço, proporcionando novas formas de interpretar a existência, com vitalidade, espontaneidade e beleza.
Nos EUA, por sua vez, a pintura primitivista nasceu da tradição dos limners – retratistas amadores dos séculos XVII a XIX – e foi adquirindo posição de relevo graças a nomes como Grandma Moses (1860-1961), J. Frost (1852-1929), H. Poppin (1888-1947) e J. Kane (1860-1934).
O que aproxima todos esses artistas, sejam franceses, norte-americanos ou brasileiros, é a consciência da autonomia do espaço pictórico, o uso expressivo e ornamental das cores, o toque onírico que diferencia o universo criado da realidade e sopro poético presente nos quadros.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.