Para Arimateia, o debate de agora não é somente sobre os prejuízos causados ao Instituto de Previdência Municipal do Cabo, na ordem de R$ 88 milhões, o que causou a sua prisão, mas, sobretudo para atender ao anseio da sociedade cabense por moralidade na política
Às vésperas da audiência pública que vai discutir o prejuízos do Instituto de Previdência Municipal do Cabo (CaboPrev), o vice-prefeito e secretário de Governo, Professor Arimatéia (PT), faz um apelo aos parlamentares municipais sobre a necessidade de desaprovarem as contas de governo do ex-prefeito Lula Cabral, causador do desvio que o tornou alvo da Operação Abismo, culminando com sua prisão em 2018. A audiência acontece nesta quinta-feira (05/05), às 9h, na Câmara de Vereadores do Cabo. “Faço um apelo veemente aos caros parlamentares, atuais representantes da nossa sociedade, para que façam essa correção e reparem esse grande erro cometido pelo ex-gestor”, dispara.
Na época exercendo o cargo de vereador, Professor Arimatéia foi o primeiro a denunciar o desvio dos recursos, protocolando denúncia na Polícia Federal. Na semana passada, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) emitiu o relatório final, apontando um saldo negativo de mais R$ 88 milhões nas contas do Instituto, o que vinha sendo acompanhado pelo vice-prefeito. “O relatório do Tribunal de Contas consubstancia tudo o que já vínhamos denunciando desde o início, em 2017, e precisa provocar nos vereadores o entendimento da necessidade premente, independente de lado político, cor partidária ou ideologia, de reparar um erro grave contra a sociedade cabense”, ressalta.
Para Arimatéia o debate de agora não é somente sobre os prejuízos, mas deve atender ao anseio da sociedade cabense por moralidade na política. “A Câmara precisa entender que esse mal não será reparado apenas com a devolução do dinheiro que foi subtraído da instituição dos servidores, mas também quando fizer o julgamento público da conduta política do ex-gestor, que está aí em liberdade e gozando de livre arbítrio para fazer o que quiser, inclusive disputar eleições novamente, podendo assumir cargos onde possa mais uma vez se locupletar do recurso público”, adverte.
Cassação
Reforçando o que segundo ele, já foi comprovado por pesquisas, Arimatéia observa que a população se empoderou dessa discussão e que agora precisa dessa reparação, já que há cinco anos aguarda esse desfecho. “Eu dizia em 2018 que a única instância que tinha poder de resolver essa questão, mais do que a Justiça, era a Câmara, e já naquela época propus a cassação do prefeito em tela, mas infelizmente não tivemos votos suficientes na Câmara”, lembra. “Novamente e da mesma forma, volto a reafirmar que a instituição que mais tem poder e agilidade, mais do que a Justiça, de resolver essa questão é a Câmara Municipal”, reitera.
Sobre o relatório do TCE, o vice-prefeito argumenta que, por ser o Tribunal de Contas um órgão técnico, é isento de qualquer conotação política, o que seria uma garantia para todos. “É uma prova de que não estávamos fazendo politicagem, mas tentando defender a sociedade. Como vereador fiz isso e acho que hoje como cidadão, como servidor, como vice-prefeito precisamos continuar essa luta em defesa da moralidade e de defesa dos recursos públicos da cidade”, realça.
O vice-prefeito voltou a alertar sobre as consequências do déficit nas contas do CaboPrev para o futuro previdenciário dos servidores. “Como gestão temos essa obrigação, até porque um prejuízo desses, toda a sociedade pode vir a pagar”, defende, argumentando que hoje a Prefeitura aporta em torno de R$ 8 milhões ao fundo previdenciário. “No futuro, com um rombo desses, ninguém sabe quanto é que a Prefeitura precisará aportar para não prejudicar os servidores. O dinheiro vai sair da educação que vai deixar de fazer escolas, da Saúde que não vai poder melhorar as condições de atendimento à população, vai sair de obras, vai penalizar a população, então não é somente o servidor que será penalizado com uma situação como essa”, lamenta o vice-prefeito.