Câncer de mama: especialista alerta para cuidados com a população transgênero

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Pesquisa mostra que mulheres trans tem 47 vezes mais chances de desenvolver a doença que homens cisgênero

O câncer de mama é o tipo de câncer que mais afeta mulheres no mundo, com aproximadamente 2,4 milhões de casos novos estimados em 2025, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). A campanha do Outubro Rosa visa conscientizar a população para prevenção da doença, principalmente para mulheres cisgênero, que são o público de maior risco. Porém, elas não são as únicas: mulheres e homens transgêneros, bem como homens cis também podem desenvolver a doença. Quando comparada as populações, as mulheres trans tem maior risco de desenvolver a doença que homens cis e homens trans.

Segundo uma pesquisa realizada em 2019 pela University Medical Center, em Amsterdã, as mulheres trans têm cerca de 47 vezes mais chances de desenvolver câncer de mama do que os homens cis. Além disso, segundo o médico Eduardo Moura, mastologista do Hospital Santa Joana Recife, da Rede Américas, e especialista em mamoplastia masculinizadora, a mulher transgênero também tem maior risco de desenvolver a doença que homens transgênero. “Quando comparamos as duas populações, homem e mulher trans, a mulher trans tem um risco maior de desenvolver câncer de mama. Acredita-se que seja pelo tempo prolongado do uso dos hormônios femininos por elas.”

A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda o rastreamento mamográfico anual para mulheres a partir dos 40 anos. Para as mulheres transgêneros, as orientações continuam as mesmas. “Mesmo tendo um risco maior que homens trans e cis, a mulher trans deve iniciar o rastreamento a partir dos 40 anos, de forma anual, igual uma mulher cisgênero”, afima Dr. Eduardo. Em mulheres que utilizam prótese de silicone, o implante não impede o rastreamento, sendo necessário realizá-lo anualmente. “Em alguns casos, a prótese pode dificultar a visualização de algum nódulo, a depender da como foi colocada, se em cima ou abaixo do músculo peitoral. Quem tem implante, seja mulher cis ou trans, deve fazer a mamografia regularmente e, caso necessário, uma ultrassonografia”, complementa o especialista.

No caso do homem trans, o mastologista alerta que o rastreamento dependerá da realização ou não da mastectomia masculinizadora. “O homem trans deverá realizar o rastreamento do câncer de mama a partir dos 40 anos, desde que ainda não tenha realizado a mamoplastia masculinizadora (cirurgia de remoção da mama)”, afirma. O médico ressaltou que, mesmo retirando a mama, uma pequena quantidade de tecido mamário residual e mamilo é mantida após a cirurgia, havendo a possibilidade desse tecido remanescente desenvolver um câncer. “Caso ele já tenha realizado a mamoplastia, o rastreamento será analisado cada caso separadamente, principalmente se ele tiver alto risco para esse câncer”, reitera o mastologista.

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

Segundo Dr. Eduardo, diferente do homem trans, a mulher trans em transição ou com a transição completa que tenha sido diagnosticada com câncer, deverá parar o uso de hormônios. “No caso delas, a hormonização deverá ser suspensa, porque os hormônios femininos utilizados poderão interferir no tratamento do câncer. Já os homens trans, ao que as pesquisas apontam, não haveria necessidade de suspender o uso da testosterona. Porém, ainda não se sabe o real papel desse hormônio no câncer de mama. Portanto, a conduta é analisada em cada caso individualmente”.

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