Por Oscar D’Ambrosio
Não há dúvidas que qualquer conflito armado nunca tem sentido, mas poucas obras cinematográficas conseguem ilustrar isso tão bem como “Donbass”, película ucraniana de Sergei Loznitsa. A ação se passa na região homônima ao título, entre a Ucrânia e a Rússia, repleta de conflitos.
A proposta do diretor é justamente mostrar uma série de agressões das mais variadas naturezas, sendo a mais impressionante a de um senhor chamado de fascista que é colocado em exibição junto a um ponto de ônibus, onde recebe as mais diversas agressões, desde as físicas às morais, numa aula de violência e intolerância.
Temos também o jornalista alemão que tem a vida ameaçada pelo fato de ser do país que apoiou o nazismo ou a mulher que ganha a vida se prostituindo para alimentar a família, mas cuja mãe a rejeita. São histórias plenas de dor com milícias fardadas e fortemente armadas das mais diferentes tendências.
A pungência de cada cena aponta para uma grande desesperança. No final, os atores que estavam no início do filme são todos covardemente assassinados e a narrativa aponta, numa cena magistral, como já existe toda a preocupação da polícia local de iniciar a investigação praticamente como se fosse um espetáculo. O ciclo vicioso da violência não termina.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.