Por Oscar D’Ambrosio
A milenar arte chinesa sempre nos traz surpresas. E a mais recente vem de um filme chamado “Hello Mr Billiomaire”. Trata-se de uma adaptação livre de um romance norte-americano de 1902 de George Barr McCutcheon, intitulado “Brewster’s Millions”, já adaptado 13 vezes para o cinema nos EUA, Índia e Brasil (“Tô Ryca”).
Dirigido por Damo Peng e Fei Yan, a versão chinesa tem características muito especiais. O tom de comédia raia o absurdo ao colocar um péssimo goleiro de uma equipe amadora na situação de somente poder receber uma grande fortuna se gastar em um mês, dentro de certas regras, uma enorme quantia.
O teste envolve desde a capacidade de ele resistir à corrupção até a escolha entre o amor e o dinheiro. E o protagonista, o carismático Shen Teng, respaldado pela parceria com a contadora, a bela e talentosa Vivian Sung, numa interpretação plena de nuanças, decide realizar os sonhos das pessoas que o cercam.
E trabalhar com os desejos e próprios e alheios revela-se uma estratégia das mais acertadas, mas não para desperdiçar dinheiro, mas, surpreendentemente, para multiplicá-lo. Dessa ambiguidade, resulta um filme cativante e de alto astral, que traz surpresas ao longo do roteiro e um encantamento oriundo do tom de fábula utilizada para contar uma incrível e poética história.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.