Por Oscar D’Ambrosio
A dança é uma linguagem toda peculiar, que nem sempre é de fácil interpretação para quem não conhece a área. No entanto, ela é plena de sentido e dramaticidade no sentido de apresentar soluções impactantes, que surgem com muita força quando atingem os arquétipos e a universalidade.
Esse é o caso de cenas coreografadas por Ohad Naharin que são utilizadas pelo diretor brasileiro José Padilha no filme “7 Dias em Entebbe”, que toma como eixo o episódio verídico em que um grupo guerrilheiro pró-Palestina sequestrou um avião em 1976, com o objetivo de trocar passageiros israelenses por prisioneiros políticos palestinos.
O filme mostra a motivação dos terroristas, assim como a dos políticos israelenses que defendem uma ação militar rápida e precisa, cirúrgica, que não só obteve sucesso como resultou na perda de apenas um soldado no aeroporto de Uganda, onde os sequestradores foram recebidos pelo ditador local Idi Ami Dada.
A ação foi um marco no sentido de comprovar a eficácia e eficiência israelense em ações contra o terrorismo mesmo fora de suas fronteiras. Um ponto importante está em mostrar também as motivações e pontos de vista também dos sequestradores, com suas dúvidas existenciais.
O filme merece destaque por mostrar como a operação foi urdida em termos estratégicos. Independentemente de opções políticas. A obra, ainda mais quando traz à tona as citadas cenas de dança contemporânea, aponta como a organização é essencial para atingir os mais variados objetivos, sejam eles militares, políticos, empresariais ou pessoais.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.