Por Oscar D’Ambrosio
Relações entre pais e filhos são um tem complexo, pois envolvem nuanças muito variadas, que vão desde o carinho ao desapego, envolvendo conflitos de gerações e busca de alternativas para manter a proximidade sem ser invasivo. O filme “Corações batendo alto” (“Heart beats loud”), dirigdo por Brett Haley, trata justamente disso.
No Brooklin, EUA, um pai viúvo, que perdeu a esposa num acidente de bicicleta, mantém uma decadente loja de discos. A filha compartilha com o pai o amor pela música, mas se prepara para fazer faculdade em outra cidade. É nessa profusão e confusão de sentimentos que a narrativa se desenvolve.
Pai e filha, pouco antes de ela partir, compõe e gravam uma música, que, colocada por ele na internet, torna-se um sucesso e o anima a planejar uma carreira para ambos. Mas isso significa que ela não poderia mais estudar em outro local. É nessa ambiguidade que o filme se desenrola, com direito a uma apresentação musical comovente no dia do fechamento da loja.
A homossexualidade da filha e o Alzheimer da mãe dão ao protagonista um universo de possibilidades de reflexão sobre a própria existência. O essencial, porém, está na discussão de até que ponto os laços paternos entre a proteção e a liberdade devem ser atados, rompidos ou preservados e em com qual intensidade. É nesse patamar que o filme funciona e encanta.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.