Por Oscar D’Ambrosio
Preconceitos são provas da falta de inteligência da humanidade. A frase aplica-se totalmente à denúncia do filme inglês “Where Hands Touch”, de Amma Asante. A paixão entre dois adolescentes alemães, uma negra e um branco, ganha proporção épica pela intolerância do regime nazista.
A história, fictícia, se passa em 1944. A moça, negra, filha do affair entre um soldado senegalês uma mulher ariana, desperta o interesse de um rapaz que integra a juventude hitlerista e deseja ir o quanto antes aos campos de batalha para defender seus ideais. O aparente improvável ocorre na aproximação afetiva entre ambos.
A dramaticidade se amplia quando o casal se reencontra num campo de concentração, em que a prisioneira negra e o soldado branco estão em lados opostos de um conflito incapaz de ver almas, mas apenas focado em questões religiosas e étnicas. A falta de sentido dos preconceitos atinge seu ápice, com a presença da desinteligência ganhando espaço.
Um contraponto interessante está no pai do jovem nazista, que ama a cantora negra Billie Holiday e faz o máximo possível para evitar que o seu filho vá para o front. Expressa a lucidez de que a arte não conhece barreiras e que a guerra é a manifestação concreta de tudo aquilo que o ser humano tem de pior.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e pós-doutorando e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.