“Cinema, o retrato da vida”, por Oscar D’Ambrosio, hoje apresentando: Relações pais e filhos

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Oscar D'Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

Por Oscar D’Ambrosio

O que o futuro reserva para cada um de nós? Essa pergunta existencial permanece muito presente e, para respondê-la, existem muitos caminhos. A ficção é um deles, seja via literatura, artes plásticas ou cinema. O filme “Ad Astra – Rumo às Estrelas”, dirigido por James Gray e protagonizado por Brad Pitt, é uma das maneiras de ingressar nessa indagação.

A questão tem várias camadas. A mais superficial aponta para viagens interespaciais cotidianas, em que ir de um planeta a outro não traz desafio algum em termos tecnológicos, mas sim na esfera estratégica. Uma jornada pode, nessa realidade, ter sim grande impacto científico e econômico e estar imersa em mistério sobre o destino dos viajantes.

Um viés mais profundo é o que acontecerá com as relações humanas. O filme revela como o personagem vivido por Brad Pitt, um astronauta reconhecido pela capacidade de administrar as emoções mesmo nas situações mais difíceis, precisa lidar com a ausência do pai, principalmente quando é obrigado justamente a se envolver numa missão para descobrir onde ele, também astronauta respeitado, está e por que teria aparentemente se isolado do mundo.

Os elos cortados e difíceis de serem retomados entre pais e filhos é certamente o maior desafio apresentado pelo filme e talvez seja o das próximas décadas. Estamos cada vez melhores em tecnologia – e não há dúvidas sobre isso – mas ainda patinamos bastante quando o tema é como as pessoas cuidam umas das outras.

Ao trazer essa discussão à tona, “Ad Astra” propicia numerosas reflexões sobre o amanhã da humanidade e de cada um de nós. Por um lado, existe todo um mundo de possibilidades técnicas a serem exploradas; por outro, o desafio de que a busca pela perfeição não leve a um afastamento entre as pessoas e as suas articulações familiares e interpessoais.

Acima de tudo, o diálogo entre pai e filho, seja em qualquer tempo e em qualquer espaço, possui múltiplas nuanças, que envolvem a idolatria, o respeito, a rejeição e a busca de reaproximação. Mas tudo isso não ocorre em uma sequência simplista. Isso se dá ao mesmo tempo, em idas e voltas, e com repercussões sobre os vínculos futuros que cada um terá com seus familiares ou figuras próximas, numa questão que não aceita soluções simplistas.

Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

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