Comitê SOS Mar da UFPE, ouve pescadores e pescadoras sobre impacto do óleo na litoral do Estado

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O encontro também contou com a participação de membros da Defensoria Pública do Estado (DPE) e da União (DPU), professores e gestores da UFPE

Como parte das estratégias para criar um rol de ações destinadas a mitigar e conter os danos causados pelo óleo que contaminou as praias do litoral nordestino, o comitê UFPE SOS Mar ouviu, hoje (4), as demandas mais urgentes da população mais afetada com o desastre ambiental, os pescadores e pescadoras do litoral pernambucano. E, dentre as queixas mais recorrentes desses profissionais, a falta de informações científicas e precisas sobre a periculosidade dos pescados encontrados nas regiões afetadas “é o que mais tem afetado a realidade socioeconômica das comunidades pesqueiras”, segundo relatos.

Professor Gilberto Rodrigues destacou agenda de trabalhos:

“Lá na nossa área o óleo não chegou, mas os impactos negativos dele, sim; ninguém mais quer comprar (nossos pescados) com medo da contaminação”, alertou a presidente da Associação dos Pescadores e Pescadoras de Carne de Vaca, Gerusa Alexandre. Outra representante dos trabalhadores de pesca, Arlene, de Barra de Sirinhaém, relatou que, neste final de semana, um caranguejeiro que comercializa seus produtos nos município de Escada e Ribeirão – região da Mata Sul pernambucana – compartilhou que estava passando necessidades. “Ele só vendeu três cordas a R$ 4,00 pra poder voltar pra casa e devolveu os outros caranguejos para o mangue”, disse.

Outra preocupação dos pescadores e pescadoras é quanto ao impacto que o óleo pode ter provocado na saúde das pessoas que trabalham no mar, mangue ou estuário contaminado. “Precisamos de um diagnóstico tanto para os pescados quanto para nós”, reclamou Cícera, presidente da Colônia de Pescadores de Rio Formoso, que completou: “Não estamos pedindo esmolas; somos trabalhadoras e saímos todos os dias para garantir o sustento das nossas famílias.” Para Francisco, que vive da pesca nessa mesma área, “é natural que as pessoas não queiram comprar do nosso produto até que se saiba o real impacto que eles podem provocar na saúde das pessoas”.

DANOS – Além de cerca de 20 representantes dos pescadores e pescadoras, o encontro, realizado no auditório da Reitoria, contou com a participação de membros da Defensoria Pública do Estado (DPE) e da União (DPU), professores e gestores da UFPE. A reunião foi aberta pelo pró-reitor de Extensão e Cultura, Oussama Naouar.

Em nome da DPU, o defensor público André Carneiro Leão relacionou a falta de informações objetivas sobre os danos socioeconômicos que o desastre ambiental causou nessas populações como um fator que prejudica iniciativas para requerer reparação e indenização aos afetados. “A UFPE nos ajudaria a subsidiar a narrativa jurídica se fizesse esse levantamento”, afirmou ele, que também citou a falta de certeza de quem provocou o derramamento do óleo como um obstáculo para acionar a Justiça.

Em nome do Comitê UFPE SOS Mar, o professor Gilberto Rodrigues, do Departamento de Zoologia, finalizou a reunião informando que, nesta quarta-feira (6), o comitê vai se reunir novamente para definir um cronograma a fim de dar as respostas às demandas relacionadas nesta manhã. “Hoje, abrimos uma agenda de trabalhos que vai dar prosseguimento com a participação de todos vocês”, afirmou.

 

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