Estima-se que 1,7 milhão de pessoas tenham glaucoma no Brasil. Especialista explica formas da doença e tratamento
Silencioso e bastante destrutivo, o glaucoma não apresenta sintomas perceptíveis nas fases iniciais. No entanto, essa doença crônica afeta o nervo óptico — estrutura responsável por levar as informações visuais dos olhos ao cérebro. A forma mais comum é o glaucoma primário de ângulo aberto, geralmente associado ao aumento da pressão intraocular (PIO), o que leva à degeneração progressiva das fibras do nervo óptico e, com o tempo, à perda do campo visual. A doença só pode ser detectada em seu estágio inicial, por meio de exames periódicos.
A visão central costuma se manter preservada até estágios mais avançados. Quando o paciente percebe algo diferente, geralmente o dano já é irreversível. Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), a estimativa é que 1,7 milhão de pessoas tenham glaucoma no Brasil. Por isso, o diagnóstico precoce é essencial.
De acordo com o médico oftalmologista do Instituto de Olhos do Recife (IOR), Pablo Luciano, algumas pessoas têm mais probabilidade de desenvolver a doença. “Idosos, especialmente acima dos 40 e 50 anos; pessoas com histórico familiar de glaucoma; negros e asiáticos, que têm maior predisposição a alguns tipos da doença; pessoas com pressão intraocular elevada; portadores de miopia ou hipermetropia elevada; usuários crônicos de corticoides por meio de colírios, comprimidos ou inalatórios; diabéticos, hipertensos e pacientes com apneia do sono; pessoas que já sofreram traumas oculares ou passaram por cirurgias oculares complexas”.
O glaucoma não tem cura, até o momento. No entanto, o controle adequado da pressão intraocular pode retardar ou até interromper a progressão da doença. “Quanto mais cedo o diagnóstico e o início do tratamento, maior a chance de preservar a visão ao longo da vida. O tratamento da doença tem como objetivo principal controlar a pressão intraocular para evitar ou retardar a progressão do dano ao nervo óptico. As principais opções terapêuticas incluem colírios hipotensores oculares, que são a primeira linha de tratamento na maioria dos casos. Além disso, outros tipos de tratamento envolvem o uso de laser, cirurgias filtrantes e procedimentos minimamente invasivos, que utilizam técnicas modernas com menor risco de complicações, geralmente indicadas em associação com a cirurgia de catarata ou em glaucomas iniciais”, explica o especialista.