Sistema Faesc/Senar promove programa voltado para idosos
Dados do Censo Agropecuário de 2017 desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que Santa Catarina conta com cerca de 185 mil estabelecimentos agropecuários, ocupados por uma média de quase 500 mil pessoas. Deste número, 34% (60.759) possuem 60 anos ou mais e 89% são homens. Apesar do número ser inferior ao de pessoas de 30 anos a menos de 60 (63%), a presença de pessoas da terceira idade é elevada e muito maior do que a de menores de 30 anos (4%).
Conhecida como a melhor idade, esse é o período em que muitos idosos sentem-se deslocados em suas famílias e, principalmente, na profissão. Com o objetivo de contribuir para a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC), órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) iniciou um novo programa intitulado “Qualidade de vida na melhor idade”.
As atividades tiveram duração de oito horas e foram ministradas pelo prestador de serviço em instrutoria do Senar/SC Erno Menzel. A primeira turma ocorreu no município de Concórdia, no Oeste de Santa Catarina, na comunidade de Planalto, em parceria com o Sindicato dos Produtores Rurais, e reuniu cerca de 30 idosos.
“A nossa intenção é orientar sobre cuidados com a saúde física, mental e emocional do idoso, gerando qualidade de vida, potencializando sua capacidade de contribuir com sua experiência e conhecimentos no meio em que está inserido”, explicou o superintendente do Senar/SC, Gilmar Antônio Zanluchi.
Menzel abordou conteúdos voltados para qualidade de vida na terceira idade, tecnologias e seus impactos no comportamento humano, fatores que afetam a saúde física, mental e emocional do idoso, relacionamentos familiares, qualidade de vida e mudanças de hábitos e rotinas.
“É importante a construção de uma nova identidade nesta etapa da vida para que eles possam se enxergar de maneira diferente, com maior amor e reconhecendo a sua importância no contexto em que estão inseridos, seja na família, na comunidade e até no trabalho que desenvolvem ou já desenvolveram no meio rural”, destacou Menzel.
Segundo ele, a comunicação com a família, amigos, sociedade e pessoas de outras gerações é fundamental. “Eles têm muito conhecimento adquirido por meio da vivência no meio rural. Inúmeras experiências que podem e devem ser utilizadas para a melhoria da qualidade de vida no meio rural, seja deles ou de suas famílias e futuras gerações”, complementou.
A próxima turma ocorrerá no dia 27 de agosto, em Concórdia, na comunidade Santo Antônio. Para participar é necessário ter 55 anos ou mais e residir no meio rural.
UM NOVO OLHAR
Odila Bernardi Argenton, de 72 anos, nasceu e cresceu no campo. Filha de produtores seguiu os passos dos pais e permaneceu no meio rural. Muitos foram os desafios e aprendizados ao longo dos anos. Sobre o programa, afirmou ter sido uma oportunidade valiosa e de muito conhecimento. “Às vezes passamos mais tempo lamentando e reclamando da vida do que efetivamente vivendo. Esse encontro nos fez ampliar nosso olhar e entender que somos os protagonistas de nossa história e se quisermos viver algo novo precisamos agir de maneira diferente, com olhar positivo e de valorização. Foi muito enriquecedor, essa ação deveria acontecer com mais frequência, todos aprovaram e saíram motivados”, relatou.
Para o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Concórdia, Celso Rigo, esse olhar voltado para a terceira idade demonstra a preocupação que o Sistema Faesc/Senar e Sindicato Rural tem com a qualidade de vida no campo em todas as idades. “Ficamos felizes em ser o primeiro município a receber essa iniciativa e temos certeza de que muitas pessoas foram impactadas com essa ação”.
O presidente do Sistema Faesc/Senar, José Zeferino Pedrozo, salienta que a base das propriedades rurais se consolidou ao longo dos anos por meio da dedicação e do empenho daqueles que hoje estão na melhor idade. “Há muito o que se aprender com eles. Muitas das experiências vivenciadas por eles jamais serão possíveis aos jovens de hoje, mas foram eles que prepararam o campo para o que vivenciamos hoje. A construção do nosso agro passou e ainda passa pelas mãos dessas pessoas que muito têm a contribuir e merecem nosso respeito e reconhecimento”, ressaltou.