Passear pela capital pernambucana é como uma viagem ao século 16
O estado de Pernambuco é conhecido por suas praias paradisíacas, mas poucas pessoas conhecem os monumentos arquitetônicos históricos localizados no Recife. A capital pernambucana traz referências da arquitetura holandesa, tem construções importantes e uma cena cultural ativa. Diante dessa diversidade, a importância da apropriação da cidade por parte da população é ressaltada por especialistas.
“Nossos espaços culturais, musicais e artísticos precisam estar em maior contato com os pernambucanos, não só com os turistas que vêm aqui para nos conhecer. Nisso, é necessária uma maior tomada de consciência, junto com uma valorização praticada, dos incontáveis valores que Pernambuco produz e cultiva ao longo de sua história. E quando falo de praticada é justamente uma incorporação dos espaços culturais no cotidiano dos pernambucanos. Possuímos tantos destinos riquíssimos, das mais variadas facetas de nossa cultura, que precisam ser mais frequentadas pelos nossos, não só na capital e na região metropolitana, mas também em toda Zona da Mata, Agreste e Sertão do estado”, informa a arquiteta e professora do Centro Universitário dos Guararapes (UNIFG), Luiza de Farias.
A professora ainda complementa com a recomendação para as pessoas que não conhecem alguns pontos do Estado. “minha maior recomendação para as pessoas que não conhecem estes espaços é que busquem aqueles que estão próximos à sua casa, para uma prática cotidiana, que incorpore as atividades múltiplas que os espaços culturais oferecerem à sua vida, seu lazer, seu entretenimento, sua formação educacional. E, também, para quem tiver oportunidade de viajar para outros lugares de Pernambuco, procure se informar de quais equipamentos culturais existem no seu percurso e destino”.
Quer conhecer melhor a capital pernambucana? Listamos 10 monumentos que você não pode deixar de conhecer durante as férias de final de ano.
Confira:
1 – Forte do Brum (1629)
O Forte de São João Batista do Brum, conhecido como Forte do Brum, localizado no bairro do Recife, foi construído pelo governador da antiga capitania de Pernambuco, Matias de Albuquerque, na primeira metade do século 17. Erguido em uma posição estratégica, foi equipado com sete canhões de metais, sendo dois de 24 libras, um de 18, um de 16 e um de 10 libras, além de duas bombardas. Em virtude de conflitos políticos, a fortaleza passou por diversas reformas. Em um dos projetos de reconstrução, foi edificada uma capela sob a invocação de São João Batista do Brum, o que determinou a atual nomenclatura. Hoje, funciona como um museu militar, que exibe armas, canhões e fotos da época da invasão holandesa. A visitação é aberta ao público de terça a sexta-feira, das 9h30 às 16h30; e aos sábados, domingos e feriados, das 14h às 17h. Ingressos a R$ 5. Militares, idosos e crianças menores de 10 anos não pagam.
2 – Forte das 5 Pontas
O Museu da Cidade do Recife está instalado no Forte de São Tiago das Cinco Pontas, no bairro de São José, erguido originalmente no ano de 1630, pelos holandeses, um dos monumentos mais expressivos do patrimônio colonial brasileiro. O acervo do Museu é constituído de fotografias, mapas e fragmentos arqueológicos que representam a história da evolução urbana do Recife do século XVII aos dias atuais. O museu realiza exposições, oficinas, seminários e ações de educação patrimonial. Nos dias 12 de cada mês, o museu realiza um evento cívico para trocar a bandeira do Recife na presença de estudantes da rede escolar. Aberto de terça a domingo, das 9h às 17h e a entrada é gratuita.
3 – Sinagoga Kahal Zur Israel (1636)
Entre os anos de 1636 e 1654, a Sinagoga Kahal Zur Israel funcionou como a primeira das Américas na antiga Rua dos Judeus, hoje Rua do Bom Jesus, no Bairro do Recife. Atualmente, o espaço recebe turistas do mundo todo. Painéis com textos e fotos informam sobre a ocupação judaica em Pernambuco dos anos 1500 ao Período Holandês, ressaltando a perseguição sofrida pelos cristãos novos. No primeiro andar da casa, uma exposição aborda, ainda, a vida dos que fugiram da Europa no século XX e fundaram a Companhia de Teatro Idiche no Recife. O piso, o teto e a mobília de uma sinagoga da Amsterdã do século XVII servem de inspiração para a reconstituição aqui proposta. De terça a sexta-feira, das 9h às 17h00, aos domingos, das 14h às 18h00. Inteira, R$ 30; meia-entrada, R$ 15.
4 – Ponte Maurício de Nassau (1644)
Os planos para construir o que viria a ser a primeira ponte do Recife começaram em 1630, como consequência do desenvolvimento econômico. Doze anos depois, em 1642, o Conde Maurício de Nassau, então governador, ordenou o início da obra propriamente dita. Por motivos desconhecidos, a construção precisou ser interrompida no ano seguinte. Há quem diga até que os holandeses não se empenharam o suficiente para concluí-la. O fato é que Conde Nassau comprou a briga e bancou o término da obra. Domingo, 28 de fevereiro de 1644, a ponte, enfim, foi inaugurada. Nos dias de hoje, ela liga o Bairro do Recife a Santo Antônio.
5 – Capela Dourada (1696)
A Capela da Ordem Terceira de São Francisco, construída entre 1696 e 1724, apresenta um dos mais importantes conjuntos de talhas portuguesas no Brasil. É conhecida por Capela Dourada pelo fato de cada polegada de seu interior estar revestida de ouro. Integra o Conjunto Franciscano do Recife, que juntos compõem o Museu Franciscano de Arte Sacra. Com construção iniciada em 1696, a Capela Dourada foi o primeiro templo brasileiro a ser integralmente coberto de decoração barroca. Fica localizada no bairro de Santo Antônio.
6 – Teatro de Santa Isabel (1850)
O Teatro de Santa Isabel é um teatro localizado na Praça da República, no bairro de Santo Antônio. É um raro exemplo de genuína arquitetura neoclássica da primeira metade do século 19 brasileiro. Foi nomeado em homenagem à Princesa Isabel. Foi o primeiro teatro do Brasil projetado por um engenheiro civil. A ideia de construir um teatro público no Recife partiu de Francisco do Rego Barros, o Barão da Boa Vista, que foi presidente da Província de 1837 a 1844. O projeto foi elaborado e dirigido pelo engenheiro francês Louis Léger Vauthier. Foi construído pelo trabalho não-escravo, uma inovação na época, e com recursos financeiros provenientes de loterias, da companhia de acionistas e do tesouro provincial. Depois de reforma geral, o Teatro foi reaberto ao público no final de 2020. Realiza visitas guiadas. Elas operam com grupos de no máximo dez pessoas, aos domingos, em três horários: 14h, 15h e 16h. A atividade é gratuita
7 – Mercado São José (1875)
Inaugurado em setembro de 1875, o Mercado de São José tem arquitetura em ferro típica do século XIX. A inspiração veio do mercado público de Grenelle, em Paris. O projeto, elaborado por encomenda da Câmara Municipal do Recife, provavelmente é de Victor Lenthier, engenheiro da casa, à época. Ocupa uma área coberta de 3.541 metros quadrados. Mede 48,88 m de frente por 75,44 m de fundo. O prédio é formado por dois pavilhões, com 377 compartimentos de diversos produtos; 27 pedras de peixe; 34 barracas internas – para vender comidas e caldo de cana – e outras 70 espalhadas pela calçada do pátio. Atualmente, são 545 boxes no total. Artesanato em barro, corda e palha fazem do mercado polo de atração turística. É, também, ponto tradicional do comércio de pescado. Semanalmente são vendidos, ali, cerca de 1,3 toneladas de peixe e 400 kg de crustáceos.
8 – Faculdade de Direito do Recife (1911)
Nem todo mundo sabe que a origem da Faculdade de Direito do Recife está em Olinda. Em 1827, o imperador Dom Pedro I ordenou a criação de dois cursos de ciências jurídicas e sociais, um na cidade de São Paulo e outro na de Olinda, os primeiros do Brasil. Conhecido como cursos jurídicos, o de Olinda se instalou logo no ano seguinte no Mosteiro de São Bento. Em 1852 e 1859, viu seu endereço mudar por duas vezes. Entre 1889 e 1911, foi erguida aquela que viria a se tornar a imponente sede da faculdade até os dias de hoje. No ano de 1912, já sob governo republicano, os estudantes passaram a frequentar as aulas na Praça Doutor Adolfo Cirne, bairro da Boa Vista, centro do Recife. Construído por José de Almeida Pernambuco, seu projeto arquitetônico, eclético, com predominância do estilo neoclássico, é de autoria do arquiteto francês Gustave Varin. O prédio ocupa uma área de 3,6 mil m²
9 – Museu do Homem Nordestino (1979)
Inaugurado em 21 de Julho de 1979, o Museu do Homem do Nordeste tem origem na fusão de três museus e seus respectivos acervos: o Museu de Antropologia (1961-1978), o Museu de Arte Popular (1955-1978) e o Museu do Açúcar (1963-1978). Seu edifício-sede é um projeto da década de 1960, de autoria do arquiteto Carlos Antônio Falcão Corrêa Lima, projetado especificamente para a instalação do Museu do Açúcar. Baseado na mudança do conceito de museu ocorrida no séc. XX, de tendência modernista, localiza-se na Avenida. Dezessete de Agosto, bairro de Casa Amarela, onde existiam antigos engenhos. O acervo é rico, composto por cerca de 15 mil peças de uma herança deixada pelos três antigos museus.
10 – Museu do Cais do Sertão (2014)
O Museu Cais do Sertão é um museu interativo sobre o Sertão e Luiz Gonzaga localizado no Armazém 10, na Av. Alfredo Lisboa – do lado do Marco Zero, área central do Recife. Abrigando e reverenciando a obra de Luiz Gonzaga, o grande homenageado do espaço, traz para a beira-mar da capital do estado um pouco do solo rico e generoso da cultura popular do sertão. A arquitetura moderna ficou por conta de Marcelo Carvalho Ferraz. Construído no local de antigos armazéns do Porto do Recife, o Cais do Sertão oferece aos visitantes exposições temporárias e acervo permanente, com referências à cultura sertaneja da região Nordeste, com experiências sensoriais e arquitetura inovadora, em edificação que exprime em seus traços a união do litoral com o sertão. Os horários de funcionamento: 10h às 16h dias de quinta e sexta e 11h às 17h aos sábados, domingos e feriados. Os ingressos para o Cais custam o valor regular de R$10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada).