apesar dos estudantes dos cursos de saúde da UFPE possuírem conhecimentos sobre os malefícios do tabaco, ainda há uma falha significativa no treinamento desses futuros profissionais no combate ao tabagismo
Por Gabriela Lázaro
O tabagismo causa diversos problemas à saúde, tanto dos fumantes ativos quanto dos passivos mas, ainda assim, segundo os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em 2013, 14,7% da população é tabagista, sendo 12,7% fumantes diários. Pensando nisso, Augusto César Leal da Silva Leonel, mestre em Odontologia pelo Programa de Pós-Graduação em Odontologia da UFPE (PPGOdonto), realizou sua dissertação sobre a “Relação dos estudantes de saúde com o tabaco: resultados de um estudo transversal em uma universidade do Nordeste brasileiro” e observou que “apesar dos estudantes dos cursos de saúde da UFPE possuírem conhecimentos sobre os malefícios do tabaco, ainda há uma falha significativa no treinamento desses futuros profissionais no combate ao tabagismo”.
Sob a orientação do professor Danyel Elias da Cruz Perez, a pesquisa foi realizada com 449 estudantes dos cursos de Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Medicina, Nutrição, Odontologia e Terapia Ocupacional do Campus Recife da UFPE e teve como objetivo avaliar a relação dos estudantes de saúde com o tabagismo, além de “avaliar as atitudes e o currículo/treinamento adquiridos durante a graduação”. A dissertação foi dividida em três artigos: “Prevalência do uso e exposição ao tabaco entre estudantes de uma universidade do Nordeste brasileiro”, “Percepção dos estudantes dos cursos de saúde em relação ao seu papel no controle do tabagismo: estudo transversal em uma universidade do Nordeste brasileiro” e “Relação dos estudantes de Odontologia com o tabaco: estudo transversal em uma universidade do Nordeste brasileiro”.
RESULTADOS | O primeiro artigo, “Prevalência do uso e exposição ao tabaco entre estudantes de uma universidade do nordeste brasileiro”, descreve o uso e a exposição dos estudantes ao tabagismo, além do conhecimento deles sobre leis que proíbam o uso de tabaco em ambiente universitário. Na análise dos resultados, constatou-se que 284 entrevistados (63,3%) nunca tinham experimentado o cigarro, mesmo um ou dois tragos, ao passo que 165 (36,7%) relataram ter fumado pelo menos uma vez na vida. Dos que responderam a pesquisa, 33 (7,3%) fumaram cigarros no último mês, classificando-os como fumantes atuais.
No segundo artigo, intitulado “Percepção dos estudantes dos cursos de saúde em relação ao seu papel no controle do tabagismo: estudo transversal em uma universidade do Nordeste brasileiro”, o objetivo é relatar como os alunos agem frente ao tabagismo e qual o treinamento que eles recebem durante a graduação. Dos alunos entrevistados, 389 (86,6%) afirmaram que os profissionais de saúde servem como modelo para os seus pacientes e 427 (95%) desses alunos admitiram que os profissionais de saúde deveriam receber treinamento específico sobre técnicas de cessação do tabaco.
Em relação ao conteúdo ensinado na graduação, 352 (78,4%) participantes relataram ter adquirido conhecimento sobre os malefícios do tabaco durante a sua formação na Universidade; entretanto, apenas 42,5% discutiram as razões pelas quais as pessoas fumam. O pesquisador pontua que “os universitários dos cursos de saúde da UFPE, apesar de conhecerem os malefícios do tabaco, não estão sendo preparados para abordar o tabagismo entre os seus pacientes”.
Já no artigo “Relação dos estudantes de Odontologia com o tabaco: estudo transversal em uma universidade do Nordeste brasileiro”, a proposta era investigar a relação dos estudantes de Odontologia com o tabaco. No momento da pesquisa, foram entrevistados 290 alunos de Odontologia e o resultado da pesquisa mostrou que mais de 40% dos entrevistados já experimentaram o cigarro pelo menos uma vez na vida, sendo 8,9% fumantes atuais. Além disso, 28% relataram ter sido expostos ao fumo passivo no ambiente onde moram e 57,1%, em outros locais. Este artigo, inclusive, foi publicado no fim do mês de agosto, no Journal of Cancer Education.
Diante das informações coletadas, o pesquisador pontua que “as instituições de ensino associadas aos órgãos de saúde devem desencorajar o consumo e a exposição a esses produtos, aumentando a conscientização e educando esses futuros profissionais sobre os perigos, além de implementar novas políticas preventivas no ambiente universitário”. Para ele, a partir de atitudes como as citadas é que “teremos profissionais conscientes e que atuem efetivamente na orientação antitabaco dos seus pacientes, seja na prática privada ou em serviços públicos de saúde”.
Mais informações
Programa de Pós-Graduação em Odontologia da UFPE (PPGOdonto)
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