38% das mortes em rodovias federais no primeiro quadrimestre deste ano, foram provocadas por falta de atenção e excesso de velocidade

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Fatores estão diretamente ligados às consequências da piora da saúde mental e psicológica dos motoristas brasileiros

A cada 10 mortes nas rodovias federais brasileiras no primeiro quadrimestre deste ano, quatro tiveram como causas a falta de atenção e o excesso de velocidade. Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), 624 mortes foram provocadas por esses fatores, o que corresponde a 38% de todos os óbitos (1.646) no período. “A desatenção e a imprudência dos motoristas são dois fatores que vêm fazendo cada vez mais vítimas no trânsito e estão diretamente relacionados à piora da saúde mental e psicológica do motorista brasileiro”, afirma o especialista em Medicina do Tráfego e diretor científico da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra), Alysson Coimbra.

Alysson Coimbra, especialista em Medicina do Tráfego

Desatenção

Estudo feito pela Ammetra com base nos dados da PRF revela que esses dois fatores causaram 43% dos acidentes no período. Entre as causas de acidentes que se caracterizam como falta de atenção, segundo a PRF, estão acessar a via sem observar a presença de outros veículos; ausência de reação do condutor; uso do celular na direção e reação tardia do condutor. Juntos, esses fatores provocaram 7.791 acidentes, que deixaram 479 mortos e 8.906 feridos.

No mesmo período, foram 1.403 sinistros provocados por excesso de velocidade, com 145 mortes e 1.717 feridos. “O número de sinistros vem caindo ao longo dos anos, mas essa queda seria maior se houvesse um cuidado adequado com a saúde mental do brasileiro. Aumento do estresse e ansiedade podem resultar em comportamentos agressivos e imprudentes, levando motoristas a dirigirem com excesso de velocidade, desobedecerem regras de trânsito e até mesmo se envolverem em brigas que podem terminar em tragédias”, observa o médico, que diariamente avalia a saúde física de motoristas brasileiros.

Dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) de Minas Gerais, divulgados pela imprensa em abril, mostraram que as infrações por desentendimentos no trânsito cresceram 43% em janeiro de 2023, na comparação com o mesmo período de 2022. “Isso é a prova de que precisamos de uma avaliação psicológica frequente dos motoristas. Hoje, o condutor só passa por uma avaliação quando pleiteia a CNH e, caso não exerça atividade remunerada, esse laudo psicológico é vitalício. Estudos apontam que o desenvolvimento cerebral ocorre, em média, ao longo de três décadas. Concordar com esse laudo vitalício sob o pretexto de reduzir custos é negligenciar alterações graves da saúde mental e psicológica que ainda podem surgir e colocar a vida de todos em risco”, afirma Coimbra, lembrando que os prejuízos econômicos com acidentes aos cofres públicos atinge a soma de R$ 50 bilhões por ano.

De acordo com a Lei 14071/2020, avaliação psicológica por especialistas em trânsito é um mecanismo adequado para examinar a atenção, concentração, memória, traços de personalidade e outras funções cognitivas que podem contribuir para a redução da violência no trânsito e de acidentes. “Isso reforça a necessidade de se discutir com toda a sociedade a inclusão de outros grupos de motoristas nesses exames psicológicos obrigatórios”, completa.

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