Por José Ambrósio*
Todos os dias e quase o dia todo (inclusive sábados, domingos e feriados) um batalhão de caçadores de corruptos entra em campo. A caçada é implacável e se dá em cenários quase sempre paradisíacos.
A captura joga os corruptos literalmente num “mar de lama”. São atirados em espaços pequenos, onde são empilhados.
O objetivo principal é a utilização dos corruptos na captura de peixes maiores e, alguns destes, na captura de outros ainda maiores. Uma cadeia de atuação que funciona a contento ao longo do tempo.
Uma caçada que não tem fim, embora os caçadores tenham êxito todos os dias. Nesse caso o “dia da caça” simplesmente não existe.
Os caçadores são pessoas simples. Geralmente residem em locais próximos às praias. Pegam no trabalho logo cedo e muitos se estendem por todo o dia.
A caçada em geral tem plateia desatenta, já acostumada com a prática. Experientes, olhar atento ao vaivém das ondas, eles dão sempre o bote certo, no recuo da água.
O corrupto é um crustáceo decápode cavador pertencente a
à família Callianassidae. Possui garras em forma de pinças sendo uma delas bem maior que a outra. É chamado de corrupto por não aparecer e ser difícil de capturar, por habitar e se esconder na areia das praias. O instrumento de captura é um cano de PVC com uma haste de sucção.
Vejo sempre os caçadores de corruptos durante as minhas caminhadas pelas praias de Candeias, Barra de Jangada e Piedade. Muitos se divertem quando são indagados sobre o que estão fazendo. Sabem da enorme dificuldade enfrentada por outros “caçadores” de vorazes e escorregadios corruptos em ação no país inteiro. Mas essa é outra história.
*José Ambrósio é jornalista e membro da Academia Cabense de Letras.