Lutas pelo poder
Oscar D’Ambrosio
Imagine um grupo de crianças recém-saídas de um campo de concentração localizado na Polônia colocadas em um casarão em meio à floresta rodeado de pastores alemães famintos. A sobrevivência é um desafio individual e coletivo, pois, para se obter sucesso, é preciso combater os inimigos, sejam soldados alemães sobreviventes e rivalidades internas.
O diretor Adrian Panek, no filme “Werewolf”, consegue criar uma atmosfera opressiva e assustadora, na qual as desavenças internas entre as crianças é mito bem explorada, principalmente a rivalidade entre dois adolescentes pela líder do grupo, que tem sua grande cena quando descobre uma maleta onde encontra batom e um sensual vestido vermelho.
Seu belo momento de ser mulher naquela situação adversa contrasta com a tentativa de estupro de um soldado e com o momento em que fica isolada em um caminhão cercada pelos pastores famintos. Nesse aspecto, o casarão pode ser considerado um microcosmo da mente humana, com seus mecanismos mais violentos expostos a cada instante.
Assim como o romance “O senhor das moscas”, de William Golding, o filme não acredita na pureza das crianças, mas as vê como adultos em miniatura, que, em situações de isolamento e conflito extremo, reproduzem as tradicionais lutas entre o bem e o mal e a violência para atingir o poder e a liderança, mesmo que isso gere ferimentos e morte psicológica e física.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.