Jovem aprende a ler na Funase do Cabo de Santo Agostinho, durante projeto conduzido por agente socioeducativa

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Um dos internos, U.E.G.S., de 18 anos, que chegou à instituição há pouco mais de um ano, sem saber ler, evoluiu tanto ao participar do projeto, que decidiu solicitar a emissão de um novo documento de identidade, desta vez, contendo a própria assinatura.

Um projeto conduzido por uma agente socioeducativa está ajudando adolescentes a ter outro tipo de relação com as palavras dentro da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase). Diariamente, socioeducandos participam de um reforço no espaço de leitura do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife, onde a iniciativa ocorre. Um dos internos, U.E.G.S., de 18 anos, que chegou à instituição há pouco mais de um ano, sem saber ler, evoluiu tanto ao participar do projeto que decidiu solicitar a emissão de um novo documento de identidade, desta vez, contendo a própria assinatura.

No RG anterior, havia a expressão “não alfabetizado” carimbada em lugar do nome do jovem. Mais que um primeiro passo rumo à alfabetização, conseguir assinar o documento foi um salto para a dignidade. “Na rua, eu tinha vícios, não queria saber de nada. Meu pai me colocava em escolas e eu não queria estudar. Depois que passei a fazer cursos, escola aqui, fui me interessando. Estudei, comecei a escrever meu nome e tirei minha identidade”, afirma o socioeducando, que cursa a Educação de Jovens e Adultos (EJA) equivalente às séries finais do Ensino Fundamental I. “Quero sair sabendo ler e dizer aos outros que vale a pena se dedicar”, diz.

Nas escolas existentes nas 11 unidades de internação da Funase, a necessidade de corrigir distorções idade-série aparece entre os principais desafios das equipes pedagógicas, que recebem jovens, muitas vezes, afastados da rotina escolar por vários anos. O projeto da Funase, batizado de Leitura Mais, passou a ser desenvolvido de forma complementar às ações da escola. “Fico feliz de participar de momentos importantes na vida desses jovens. Queremos que os socioeducandos vejam exatamente isto: que a educação e o estudo são tudo na vida”, avalia a agente socioeducativa Patrícia Maria, responsável pelas ações no espaço de leitura.

Atualmente, o Case Cabo atende 192 adolescentes com idades a partir de 17 anos e seis meses e, excepcionalmente, jovens até 21 anos. Todos estão matriculados na escola que funciona na unidade. “O objetivo do projeto é, justamente, estimular que os socioeducandos ponham em prática a leitura, como extensão da escola. O jovem U.E.G.S., que chegou aqui desmotivado e com receio de mostrar seu documento de identidade, é um exemplo da eficácia dessa ação. Hoje, ele já consegue escrever o nome e ler pequenas frases. É uma história que está tomando novos rumos”, declara a coordenadora técnica do Case Cabo, Midian Borges.

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