
Quintessenciar o Espírito
Paulo Eduardo de Barros Fonseca
Diz o ditado popular que “errar é humano”. Até certo ponto, pode-se dizer que esse pensamento encontra guarida na máxima que diz que todo espírito, enquanto o princípio inteligente do universo, foi e é criado simples e ignorante para que, na medida do seu progresso, dada as qualidades já adquiridas e nas imperfeições de que ainda deve se despojar, alcance graus superiores.
É por isso que cada pessoa, ser espiritual vivenciando a experiência humana, enquanto parcela individualizada do princípio da vida e da inteligência, deve aproveitar a oportunidade de crescimento para lapidar sua verdadeira natureza.
É preciso compreender e crer que a vida transcende a experiência passageira da matéria, inclusive para que o abismo do depois seja preenchido pela certeza de uma vida futura.
Se o que chamamos de morte fosse o fim o homem teria razão para pensar somente na satisfação de seus prazeres materiais, mesmo porque todos os laços seriam rompidos com a extinção da vida corpórea. Mas não! Santo Agostinho, na oração a morte não é nada, já disse que ao morrer “eu somente passei para o outro lado do caminho”, evidenciando que toda parcela individualizada da vida e da inteligência permanece intacta e liberta das amarras da matéria para prosseguir sua caminhada rumo à perfeição.
Pode-se dizer, portanto, que não existe uma separação entre o plano físico e o espiritual.
Eles não são mundos totalmente disjuntos, mas sim manifestações diferentes de uma mesma realidade.
Nesse contexto, errar faz parte do processo evolutivo, de crescimento. Mas, interrogando a própria consciência é que todos encontrarão respostas que acalmarão a consciência ou indicarão algo que precisa ser reparado.
A busca pelo conhecimento de si mesmo é a chave do progresso individual, porque propicia o trabalho pela reforma íntima, de modo o que espírito vai sendo quintessenciado, ou seja, purificado.
É sempre possível retificar os erros, basta trabalhar e servir, mesmo porque “se erraste, não tombes em desespero, pois, trabalhando e servindo receberás de Deus a oportunidade da retificação e da paz” (Meimei, Divaldo Franco).
Se errar é humano, aceitar e reconhecer os erros, ter paciência e persistência são as chaves para corrigi-los, sobretudo porque o mundo espiritual preexiste e sobrevive a matéria.
Paulo Eduardo de Barros Fonseca é vice-presidente do Conselho Curador da Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho, mantenedora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.