A docente do curso técnico de Química do SENAI Paulista, Shirley França, explica
Entre as muitas mudanças provocadas pelo novo coronavírus está o reforço nos hábitos de higiene pessoal e limpeza de utensílios, objetos e superfícies, para minimizar o risco de contaminação. O sabão, o detergente líquido, o álcool 70% e a água sanitária se tornaram aliados nesse período, mas há quem ainda tenha dúvidas quanto a melhor forma de utilizar cada produto. A preocupação é pertinente, uma vez que embora todos esses produtos sejam eficazes para combater o coronavírus e outros microrganismos, eles possuem composições e indicações de uso distintas que devem ser seguidas para evitar diversos tipos de prejuízos, que podem ir de manchas na mobília a danos à saúde.
Docente do curso técnico de Química do SENAI Paulista, Shirley França explica que, no caso da limpeza das mãos, o ideal é apostar na mistura de água e sabão, que, além de mais barata é menos agressiva para a pele, quando comparada com o álcool 70%. “O álcool 70% age modificando a estrutura proteica do vírus. No entanto, ele também pode desidratar a pele humana, causando ressecamentos, especialmente em quem tem alergia. Por isso, o uso do álcool só é indicado quando você não tem acesso à água e ao sabão. No ônibus, por exemplo, a orientação é limpar tanto a mão quanto a superfície que a pessoa for tocar”, explica. A preferência, nesse caso, é para o álcool gel, que tem maior tempo de retenção. Vale ressaltar que tanto o sabão quanto o detergente líquido neutro agem da mesma forma no combate ao coronavírus: desestruturando a sua camada lipídica.
A água e o detergente líquido neutro também são os produtos mais indicados para a limpeza da feira. Nesse caso, a recomendação é diluir quatro a cinco colheres de detergente neutro em 1 litro de água, aplicar a mistura em um pano e fazer a higienização das sacolas e pacotes que vêm do supermercado. “Esse é um processo prévio que garante que você não irá trazer o vírus para dentro da sua casa”, comenta Shirley, ressaltando, ainda, que esse processo não se confunde com a importante desinfecção de frutas e verduras, que deve ser feita com uma solução de hipoclorito de sódio (água sanitária).
Produto muito utilizado em limpezas domésticas, a água sanitária é eficiente contra o coronavírus, mas deve ser usada para a higienização de pisos e paredes. Um dos seus benefícios é que ela atua de imediato e a sua ação por oxidação, que desestrutura o vírus, matando-o rapidamente, mas, para isso, deve ser respeitada a forma correta de diluição: deve-se diluir duas colheres e meia de sopa de água sanitária por litro de água. E no caso de maçanetas, portas e superfícies como balcões? O ideal também é, novamente, utilizar a água e o detergente. “A água sanitária é corrosiva, pode prejudicar determinados tipos de superfície, provocando manchas. Ela também não deve ser usada para a limpeza das mãos, por exemplo, porque irrita a pele”, orienta Shirley.
A água com detergente líquido neutro, aliás, também é a melhor opção para a desinfecção de materiais termoplásticos – como o painel do carro. “Embora seja eficiente, o álcool mancha esse tipo de material, além de ser inflamável. Por isso, o melhor a fazer é umedecer uma flanela com água e detergente neutro. Importante destacar que, no caso do sabão, ele deve ser sempre usado com água para que seja eficaz”, finaliza.