Associação de magistrados de PE repudia declarações de cunho machista, feitas em vídeo pelo Desembargador de Santa Catarina, Jaime Machado Júnior

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No vídeo o Magistrado Jaime Machado Júnior aparece ao lado do cantor Leonardo e o apresenta as juízas, usando linguagem de baixo calão

Por Leandro Pinzón

A AMEPE – Associação dos Magistrados do Estado de Pernambuco, em nota enviada à redação, repudia as declarações de cunho machista e de conotação sexual feitas pelo Desembargador de Santa Catarina, Jaime Machado Júnior, em vídeo que circula nas redes sociais.

                                                 NOTA DE REPÚDIO

A AMEPE – Associação dos Magistrados do Estado de Pernambuco vem a público repudiar as declarações de cunho machista e de conotação sexual feitas por desembargador de Santa Catarina, em vídeo que circula nas redes sociais, subscrevendo integralmente a nota pública emitida hoje pela AMC – Associação dos Magistrados Catarinenses.

A falta de respeito transcendeu a esfera das juízas catarinenses nominalmente ofendidas no vídeo, atingindo a figura das mulheres magistradas brasileiras como um todo, e de modo algum pode ser confundida com “brincadeira”, como tentou justificar o desembargador após a repercussão negativa do seu comportamento.

A AMEPE está comprometida com a proteção dos direitos das mulheres e o ideal de equidade de gênero constitucionalmente estabelecido, entendendo que conduta demonstrada no vídeo é inaceitável, principalmente partindo de membros do Poder Judiciário.

ENTENDA O CASO

Um vídeo, onde o Desembargador Jaime Machado Júnior, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina(TJSC), aparece ao lado do cantor Leonardo, apresentando o artista a
algumas de suas colegas juízas, tomou conta das redes sociais. Até aí nada de anormal, só que, o magistrado citando o nome das magistradas ao apresentar o cantor, que
as cumprimenta, é cortado pelo desembargador, que diz: “Nós vamos aí comer vocês”, e o cantor ri, e o desembargador continua: “Ele segura e eu como”, apontando para o
artista.

Em nota o magistrado diz que foi uma brincadeira, mas, não é assim que está sendo entendido pelas mulheres das Carreiras Jurídicas.

Leia abaixo a íntegra, as notas do Desembargador e do Movimento Nacional de Mulheres do Ministério Público e Associação Brasileira de Mulheres de Carreiras Jurídicas

                                      Desembargador Jaime Machado Júnior:

Na tarde de hoje, fui surpreendido com a veiculação de um vídeo em que apareço ao lado do cantor Leonardo, em um encontro entre amigos, no qual faço comentários dirigidos a algumas colegas magistradas, com as quais possuo laços de amizade já de muitos anos. Inicialmente, quero esclarecer que em nenhum momento tive a intenção de ofender, menosprezar e mesmo agredir as minhas colegas, nem as mulheres em geral.

Reconheço que as colocações foram inadequadas, infelizes e que, de fato, acabam por reforçar uma cultura machista que ainda é latente em nossa sociedade. Assumo os meus erros e com eles procuro aprender. Espero que este episódio sirva de lição não só para mim, mas para todos os homens que tratam um assunto muito sério como se fosse brincadeira.

Movimento Nacional de Mulheres do Ministério Público e Associação Brasileira de Mulheres de Carreiras Jurídicas

O Movimento Nacional de Mulheres do Ministério Público, que congrega em torno de 500 promotoras e procuradoras de todo o país e a Associação Brasileira de Mulheres de Carreiras Jurídicas, filiada à Fédération Internationale des Femmes des Carrières Juridiques, e com quase 3.000 associadas no Brasil, manifestam repúdio às declarações do desembargador Jaime Machado Júnior em vídeo que circula nas redes sociais, no qual o referido, vinculado ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina, dirige ofensas a magistradas.

Num país em que uma mulher é estuprada a cada 10 minutos, é inadmissível o comportamento sexista adotado pelo desembargador, que, ainda que em tom jocoso, expõe as magistradas destinatárias da mensagem como objetos sexuais e banaliza a conduta de violência sexual, atingindo todas as mulheres, reforçando uma cultura machista e misógina que, infelizmente, ainda insiste em violar os direitos mais basilares da população feminina diariamente.

O Movimento e a ABMCJ, que têm por objetivos, dentre outros, promover a igualdade de gênero e a valorização de mulheres de carreiras jurídicas, permanecerão atentos a condutas dessa natureza, exigindo apuração dos fatos e tomada de providências pelas instâncias competentes.

 

 

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